sexta-feira, março 24, 2006

Lei de emprego... da Treta?



Recordo as estórias porque passei, na minha juventude, entre os 18 e 22 anos, quando no Verão trabalhava numa multinacional de gelados e em que a sazonalidade dos ditos e saborosos, obrigavam a um pico de produção.

Hoje, reprovando, compreendo de alguma forma esta lei que o governo francês decretou, que permite que qualquer jovem até aos 26 anos e nos primeiros 2 anos de travaille (bules), possa ser despedido sem qualquer justificação.

Nesse período da minha vida, trabalhava no turno da noite, pois o subsídio de turno era maior e também permitia que ás 7 horas da matina tivesse de saída e ás 9 horas na praia (em vez de na cama), após já ter tomado o pequeno almoço (para nós, lanche de «fim da tarde»), emborcando algumas imperiais e uns pasteis de bacalhau que contrastavam (e chocavam) os normais trabalhadores e trabalhadoras que ao nosso lado no balcão do café, tragavam a matinal bica e respectivo pastel de nata.

Seria suposto ás 3, 4 da tarde irmos para casa descansar e pelo menos trocar de roupa e tomar a bucha da manhã (noite? jantar?) porque ás 23 horas já tinhamos que estar na linha de produção embalando cornetos e epás aos milhares (milhões).

Pois acontecia que não poucas vezes báldavamo-nos, ou então íamos da praia directamente para o bules com mais uns pastelinhos e imperiais. Invariavelmente adormecíamos na linha de produção, e como não embalávamos, os gelados que passavam no tapete rolante e não eram encaixotados, caiam no chão fazendo uma pilha enorme que enfurecia o chefe de linha de produção.

Ainda assim num dos últimos anos, convidaram-me para chefe de linha de produção (se calhar era dos que adormecia menos).

Cheguei inclusivé a ser responsável (juntamente com um técnico americano contratado pela empresa) a lançar em produção um novo gelado (Winner de seu nome) que apenas vingou 2 ou 3 anos no mercado.

O seu (in)sucesso não terá muito a ver com o meu profissionalismo (digamos que simples e politicamente o marketing não o conseguiu fazer vencer), mas confesso que os operários gostavam de ficar escalados semanalmente na minha linha de produção.

Sabiam que existiam altas probabilidades de uma folga extra por ausência «forçada» do chefe de linha.

Hoje não admitiria num meu colaborador as «baldas» que na altura eu dava.

O que não siginifica, de todo, que possa admitir exclusões ou despedimentos sem qualquer cabal justificação.

1 Comments:

Blogger abelha maia said...

Isto poderá ser o início do fim de alguns dos direitos dos trabalhadores, tão duramente conquistados.
Claro que a adolescência é propícia a comportamentos mais rebeldes (pareço uma velha a falar, ai ai) mas a meu ver não é disso que estamos a falar. Trata-se de jovens que querem entrar no já tão difícil mercado de trabalho e não deveria ser a idade mas sim o mérito de cada um a determinar a manutenção do posto de trabalho. A meu ver isto conduz a trabalhadores descartáveis e a empresas com cada vez com menores responsabilidades sociais.

sexta-feira, 24 março, 2006  

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