terça-feira, janeiro 17, 2006

Dilema da Treta? Lealdade da Treta?

No início do ano é normal as empresas procederem a alterações quer nos processos, quer nas funções, mas sobretudo em organigramas e trocas ou dispensas de colaboradores.
Desta forma esperam-se inverter tendências ou resultados, pelo menos é o que argumentam os altos responsáveis e arquitectos das ditas alterações, aos seus colaboradores.
Frequentemente é a resposta que também darão aos seus accionistas ou administradores, nem que seja para ganhar tempo e assegurar o seu posto mais um ano até à próxima «alteração», camuflando muitas vezes as suas incapacidades ou incompetência.

No meio destas alterações, quem está nos quadros intermédios muitas vezes sabe das ditas, antecipadamente, pelas suas chefias que lhes pedem o máximo sigilo.
E é aqui que começa o dilema…

Por vezes as ditas alterações, envolvem de forma prejudicial, colegas com os quais nos relacionamos mais ou menos proximamente.

E assalta-me o dilema da lealdade…

Lealdade à chefia?
Lealdade à empresa?
Lealdade ao colega?
Lealdade ao amigo?
Lealdade a mim próprio?

Como conseguir ser leal ao colega, não o sendo à chefia?
Como conseguir ser leal à empresa, não o sendo ao amigo?
Conseguirei encarar-me, não tendo sido leal a um colega ou amigo? Ou à empresa? Ou à minha chefia?

Posso sempre fazer de conta que não sei de nada e as coisas sucederem naturalmente…
Mas isso deixa-nos de consciência tranquila, nas relações que mantemos com os envolvidos?
E o nosso carácter? Não estaremos a ser cúmplices e coniventes deste sistema? E no dia em que formos nós o «prejudicado»? E se soubermos que o tal colega que até era meu amigo, que até sabia, nada nos disse? Estamos todos num mundo cão? De hipocrisia, de cinismos e falsas amizades e relações interesseiras?

Nem sempre será fácil o juízo, terá a ver com os valores que prezamos e defendemos.

Evidentemente que nem todos os colegas ou chefias serão amigos e a esses não lhes sinto a «obrigação» de lealdade, prevalecendo o sentido de empresa. Até podem ser extremamente válidos e competentes, simplesmente a relação que me une à empresa é mais forte que a que por eles tenho.

Agora aqueles com quem convivemos diariamente de forma aprazível e salutar, que reconhecemos empenho e valor, esses, jamais os olharia de frente senão lhes fosse leal.

E também há, os que mesmo não convivendo diariamente, conhecemos bem e temos relações fortes (tb JB de vez em quando), e por isso lhes devemos a mesma lealdade.

Mas nas empresas as mudanças são cada vez mais frequentes e quanto mais subimos, mais dilemas destes teremos.

Talvez o melhor seja não ter amizades no trabalho. Desta forma tenderemos a ser equilibrados na nossa lealdade Empresa/Chefia vs. Colega/Amigo, não nos envolvendo, não nos comprometendo…

Não! O melhor seria as empresas, as chefias, efectuarem mudanças, trocas, dispensas, despedimentos de forma vertical, transparente, justa, motivante, correcta! E sobretudo esclarecendo as razões e os objectivos, claros e verdadeiros!
(É certo que um despedimento mesmo vertical, justo, correcto, transparente, dificilmente tenderá a ser motivante. Por isso e por iniciativa da empresa o «prejudicado» deverá de ser devidamente compensado, e no máximo do que tem direito, sobretudo se nem está em causa a competência ou empenho. Quando está, que leve o mínimo, a empresa também não tem o dever de indemnizar ou recompensar, quem provavelmente não cumpriu)

Nos meus dilemas, procuro o equilíbrio na minha consciência de encontro aos meus princípios.


Eu, sobreporei sempre a amizade a qualquer empresa.

Sobreporei a camaradagem à subserviência.

Não me revejo nesse mundo cão!

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